Daniel 11
a) A profecia sobre os Medos e os Persas (vs. 1, 2).
O propósito e a natureza do fortalecimento angélico dado a Dario só pode ser imaginado. Talvez tenha algo a ver com o tratamento benevolente que o rei concedeu aos judeus. Os três reis... da Pérsia parece que foram: primeiro, Cambises, o filho de Ciro (ascensão em 529 A.C.); segundo, Pseudo-Smerdis, um impostor (embora Olmstead, History of Persia, argumente que ele foi um genuíno aquemênida que reinou por pouco espaço de tempo em 522 A.C.); e terceiro, Dario I, ou Histaspes, também chamado, o Grande, (522-486 A.C.), um monarca verdadeiramente grande. O quarto, mais do que todos, era, então, Xerxes, conhecido em Ester como Assuero (486-464 A.C.). As guerras de Dario e Xerxes, com as quais os persas enfureceram toda a Grécia, são bem conhecidas dos estudantes da antiguidade clássica e história antiga.
b) A Profecia sobre os Gregos e Alexandre (vs. 3, 4). Veja observação sobre o capítulo 8.
c) Profecia sobre a Síria e o Egito em Conflito Entre Si e com os Judeus (vs. 5-35). Falta de espaço proíbe-nos de nos aprofundarmos em detalhes na correspondência entre a profecia de Daniel e a história do reino selêucida sírio (o rei do norte) e a história do reino egípcio dos Ptolomeus (o rei do sul). A profecia não apresenta um aspecto contínuo; isto é, tem brechas. Nem apresenta um apanhado completo da história egípcia da época. Até mesmo nas porções do V.T, que são chamadas de históricas falta a precisão exigida na história estrita. Não podemos, portanto, esperar que as predições sejam tão precisas quanto a seqüência, cronologia, etc., quanto a nossa curiosidade exige.
O Egito (v. 8) é mencionado pelo nome de modo a identificar-se como sendo o "rei do sul" (v. 9); mas a Síria (na realidade abrangendo território mais extenso que o da Síria e historicamente não relacionada com o reino do V.T, que leva esse nome) ficou sem ser mencionado. Isto parece acontecer porque o Egito há muito que era conhecido como um reino no tempo de Daniel, mas o reino dos Selêucidas ainda não existia. Se Daniel fosse escrito no segundo século, como alguns críticos defendem, o reino da Síria teria sido certamente nomeado.
No versículo 21 Antíoco Epifânio (175-163 A.C.) é apresentado como umhomem vil. A perversa perseguição que ele moveu contra os judeus e a profanação do Templo são descritos por uma testemunha contemporânea em I Macabeus, que deve ser lido por todo estudante de Daniel. Sua ação está predita também em Dn. 8:13, e seus atos fornecem um tipo de padrão para aqueles do perverso "príncipe, que há de vir" (Dn. 9:26, 27; cons. II Ts. 2:4, 5; Mt. 24:15-21).
Nos tenebrosos dias de Antíoco só aqueles que conheciam o seu Deus (Dn. 11:32) foram capazes de manter as cabeças erguidas sem se envergonharem, sendo capacitados por Deus a permanecerem em atividade. Muitos morreram por causa de sua fé (vs. 34, 35), ensinando a muitos através de sua atitude (v. 33). Seus sofrimentos formaram caracteres fora do comum, com a ajuda de Deus (vs. 34, 35). Foram os separatistas daquele tempo, que se recusaram a partilhar dos vícios pagãos de seus senhores gregos e dos belos aspectos ilusórios de seu ritual e sua religião. Eles constituem o elo principal entre os dois Testamentos, pois seus descendentes espirituais aparecem nos Evangelhos como nome de fariseus (que significa "os separados"). Como é triste saber que seus descendentes afastaram-se de seus verdadeiros princípios! Hebreus 11:34-39 comemora os judeus fiéis daquele tempo de tribulação.
d) A Profecia de Israel em× Conflito com "o Rei Voluntarioso" (vs. 36-45). Jerônimo declara que no seu tempo esta porção de× Daniel era aplicada ao Anticristo pelos "nossos escritores". E até os dias de hoje esta interpretação é a que prevalece. Damos abaixo as principais razões para defendermos que a profecia passa de× Antíocopara o Anticristo precisamente no versículo 36.
(1) O alcance da profecia (10:14) exige alguma referência escatológica, tornando assim possível esta divisão.
(2) Embora toda a profecia de× Daniel até 11:35 possa ser facilmente relacionada com os acontecimentos bem conhecidos da antiga história, essa correspondência não pode continuar além desse ponto.
(3) O versículo 36 menciona um rei cujo período é "a indignação", um termo técnico extraído da literatura profética de× Israel, geralmente referindo-as aos acontecimentos escatológicos (por exemplo, Is. 26:20).
(4) As predições inclusas correspondem com bastante precisão às profecias reconhecidas do Anticristo final (cons. II Ts. 2:4 e segs.; Ap. 13; 17).
(5) Uma brecha literária natural aparece antes de Dn. 11:36.
(6) O rei voluntarioso é um elemento novo, separado dos outros dois reinos cuja história está sendo examinada até o versículo 35.
(7) De força decisiva é a ligação com a Grande Tribulação, a ressurreição dos mortos e as recompensas finais, etc. (12:1-3), fornecida pelas palavras "nesse tempo" (heb. ûbe'et hahî, 12:1). O tempo desses acontecimentos escatológicos é o tempo dos acontecimentos da parte final do capítulo 11.
36. Este rei é o mesmo "filho da perdição" (II Ts. 2:3, 4), que deve aparecer antes do segundo advento de Cristo (II Ts. 2:1, 2; cons. Dn. 7:11, 25). Sua carreira será curta, durando apenas até a indignação de× Deus se desencadear sobre a humanidade no fim dos tempos.
37. Deus de seus pais (elhê 'abatayw). Embora possa ser traduzida assim, esta frase certamente deve ser interpretada referindo-se ao Senhor Deus de Israel, pois um falso Messias dos judeus dificilmente seria um gentio. "Deus de seus pais " é uma designação familiar para o Senhor. Desejo de mulheres. Significado desconhecido. As interpretações variam desde ídolos femininos até paixões sexuais. (Veja comentários sobre o "pequeno chifre" do cap. 7.)
38, 39. O deus das fortalezas. Adoração ao poder militar, como a dos× Césares, dos heteus, etc. Os dois versículos descrevem urna fraude monumental, que, embora se proclamasse um deus, secretamente praticava charlatanices com astrólogos, adivinhos, etc. uma situação não de todo incomum na história.
40. No tempo do fim. Cons. I Co. 15:24; Mt. 28:20; 13:39. O fim é o fim dos acontecimentos profetizados neste livro – a chegada do reino messiânico para substituir os outros. Daqui para o final das profecias de× Daniel, foram focalizados acontecimentos rurais (cons. esp. 12:1, "nesse tempo", etc.). O fim do Anticristo foi apresentado em outra parte (Ap. 19:11 e segs.; Is. 11:4; Sl. 2). Observe que através desta seção este rei voluntarioso não é nem "o rei do norte" nem "o rei do sul", os quais lutam contra ele. Com que nação esses dois oponentes serão identificados é difícil dizer-se ao certo. O Sucesso do Anticristo na guerra é o que se profetiza aqui (cons. Dn. 7:8, 20; Ap. 17:13). Do mesmo modo as máquinas de guerra especiais – redemoinho, canos, cavaleiros, nados – devem ser interpretados em termos de traquinas do futuro. Ele terá armas modernas. Daniel viu a guerra em termos do seu próprio dia, caso contrário não os teria entendido.
41. Aqui há uma descrição de um ataque à Palestina. Talvez deveria ser ligado com a quebra da aliança do Anticristo (Dn. 9:27). No seu fracasso de tomar Edom, Moabe e Amom, veja Is. 11:14. Muitos. No hebraico não se encontra a palavra "países" após muitos.
42-44. A coincidência desta seção com os acontecimentos que prepararam o caminho à II Guerra Mundial, especialmente o começo da carreira de Mussolini, é surpreendente. Mas o fracasso da história em justificar a interpretação profética daquela década deveria desencorajar outras identificações prematuras com os poderes contemporâneos. Isto é certíssimo: haverão pelo menos três fortes poderes nacionais contemporâneos como o Anticristo, o rei "'romano". Eles seda "do norte" (v. 40), "do sul" (v. 40), e do oriente (v. 44).
45. Evidentemente na Palestina, querendo acabar com o perene problema dos judeus, procura acabar com os próprios judeus, e aí encontra o seu fim (Zc. 12:1-14; cons. Joel 3:16; veja também Zc. 14; Ap. 14:17-20; 19). Tregelles (op. cit.) aplica Is. 14: 14 e Ez. 28 à queda deste homem. G.H. Lang (Histories and Prophecies of Daniel) aplica Ez. 38 e 39 neste ponto.
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